A propósito da crise dos cereais…

29-07-2023 17:04

 

 

A Rússia está desesperada com a falta de apoios a nível mundial com está guerra insana que até está, de certo modo, disposta a “acabar com a fome” em África.

               Recebeu em S. Peterburgo os chefes de estado dos países africanos.

               No final da reunião foi adotada uma declaração conjunta  onde é dito que se irá reforçar a cooperação no domínio do abastecimento alimentar, energia e ajuda no desenvolvimento.

               É quase uma hipocrisia tendo em conta que na loucura da guerra as exportações Ucranianas sofreram constrangimentos. Os navios militares Russos bloquearam os Portos Ucranianos no mar negro durante quatro meses.

               Em 22 de Julho de 2022 as Nações Unidas  e a Turquia mediaram um acordo com vista a abertura do corredor marítimo humanitário seguro no mar negro. Depois do desbloqueio a situação melhorou um pouco. Os cereais ucranianos são expedidos através do mar negro e chegam tanto a países desenvolvidos como aos países em desenvolvimento.

               A União Europeia é um dos principais produtores e exportadores mundiais de trigo. Estima-se que a União Europeia tenha exportado cerca  de 32 milhões de  toneladas de trigo em 2022.

               Entre os países de destino conta-se a Argélia, Marrocos, Egipto, Nigéria…

               O que fica claro que a fome que grassa  no mundo está muito relacionada com os jogos de interesse do que com a falta de produtos alimentares.

               A Rússia vendo-se desesperada vem toda benévola falar com África dizendo que entre aspas que podia acabar com a fome. Mas, no inicio da guerra bloqueou a passagem dos cereais através do mar negro, prejudicando o mundo inteiro.

               A guerra veio expor claramente que  a fome no mundo está muito mais ligada a jogos de política e económicos.

               Sempre que existem divergências entre países recorre-se ao bloqueio económico, lembramos por exemplo o tão bem conhecido bloqueio económico dos Estados Unidos a Cuba, entre outros.

Se os  países do mundo inteiro se unissem de verdade  e esquecessem os interesses económicos e políticos já não havia de certo fome no mundo.

É difícil compreender que o único continente considerado sub-desenvolvido é África. Como é que esse país no seu conjunto ficou para trás e encontramos situações  de extrema pobreza em que a maioria não têm realmente nada. Será mesmo só má organização e corrupção  ou será que existem outros motivos?

Em Portugal também existe um fosso entre os mais ricos e os mais pobres, mas, nada que se compare a África. De um lado existe os que têm tudo e de outro os que não têm nada, e  que têm que lutar diariamente por um prato de comida.. A crise dos cereais e dos alimentos no seu melhor.

               A fome que grassa no mundo tem mais que ver com jogos de poder económico e político de distribuição de riqueza . Por um lado, existe fome e dificuldade de acesso aos bens essenciais por outro existe tanto desperdício que, por exemplo, o mais leve toque numa simples peça de fruta vaticina o seu fim de vida nos contentores dos supermercados. Para não falar de muitas outras formas de desperdício alimentar que existe nas  casas de todos nós, na restauração…

               Parece que tudo não passa de jogos de fome e da guerra dos alimentos. Por um lado, existem aqueles que fazem o açambarcamento louco de tudo e não sei quê e os que se encontram na outra margem em que tudo lhes falta e tudo lhes é negado.

               E nesse filtro selecto só lhe cabem quase migalhas do que a outra parte considera desperdício.

               Não está certo!

               A Declaração Universal dos Direitos Humanos refere que todo o ser humano tem direito a viver com dignidade, ter acesso aos bens essenciais, à saúde, à educação, à habitação e muito mais.

               Por isso e muito mais não está certo!

 

Ana Margarida Alves

 

Bibliografia de apoio:

https://www.consilium.europa.eu/pt/infographics/ukrainian-grain-exports-explained/