A propósito do dia do dia Mundial da Criança...

02-06-2023 11:19

A  luta da criança pelo direito  à vida  e de crescer  em harmonia com o bem estar físico e psicológico começa logo à nascença.

Apesar de sermos um país europeu quando chega a hora “agá” tão ansiada pela mães e os bebés descobre-se que os serviços de obstetrícia não funcionam em todos hospitais  e temos que andar, por vezes, centenas de quilómetros para a criança nascer em paz e segurança. É o sofrer de ansiedade até ao fim…

Logo de seguida surge um número de necessidades desde o biberon, a fralda, o berço e os pais vêm-se  e desejam-se para cuidar da melhor forma do seu “mais que tudo” que acabou de chegar à família. Batem às portas da Segurança Social e os abonos de famílias são ainda escassos para as necessidades do bebé que acabou de chegar à família.

Por outro lado, se a criança calha de ter o azar numa família destruturada surgem milhares de problemas insanáveis. Surgem separações difíceis, gritos, lágrimas e no meio deste clima complexo a criança sente-se perdida.

Ontem foi publicada uma notícia no Diário de Notícias que indicava que em 2022,  2 600 crianças e jovens vítimas de crime e violência foram apoiadas pela APAV (Associação de Apoio à Vítima) mais 32% que em 2021. Cerca de 60% 1560 eram raparigas e 38,9%, 1007 rapazes.  Carla Ferreira assessora técnica da APAV refere "Temos mais crimes do que crianças vítimas, o que significa que há crianças que são vítimas de várias situações de violência diferentes, o que também é importante destacar. (...). A violência doméstica pode levar-nos para situações de violência física, psicológica, mas também, por exemplo, situações de violência sexual, assim como o bullying", explicou a especialista.

A Associação De Apoio à Vítima revelou que um terço, 31,6% das crianças e jovens vítimas de crime e violência que apoiou em 2022 são filhos de autores dos crimes.

Por outro lado, outra notícia referente a crianças indica que a linha SOS crianças desaparecidas registou 58 apelos em 2022 e este ano a contabilização feita até ao mês de Abril indicava já cinquenta apelos. A maioria dos casos registados este ano refere-se  a fuga institucional (23).

Estas  notícias, levam-nos  a pensar que muitas crianças ainda não vivem tão felizes como a Declaração dos Direitos da criança expressa que elas tem direito.

Mas afinal o que será a verdadeira felicidade  de uma criança. Será o excesso de tudo  e mais alguma coisa. Vivenciar todas as experiências ter acesso a tudo o  que o estereotipo da felicidade infantil indica. Ou  será viver em harmonia no seio de uma família feliz com um pouco menos de tudo que muitas vezes se afasta do estereotipo da criança feliz com todas as bugigangas, todas as indumentárias xpto  e com direito a comerem bolachas com carradas de açúcar a toda a hora.

A felicidade da criança não terá mais a ver com os valores que lhe vão sendo incutidos que a transformaram num adulto mais humano e feliz, crescendo num seio duma família, pobre ou rica, mas, unida com liberdade de ser e pensar, respeitando claro sempre o espaço do outro.

 

Ana Margariida Alves