Afinal onde vai Eça descansar em paz…

26-09-2023 16:16

 

 

A escassos dias da trasladação dos restos mortais  de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional uma Providência Cautelar interposta por alguns membros da família de Eça de Queiroz caiu que nem uma bomba e veio acordar Portugal para uma polémica inesperada.

               Afinal seis bisnetos em discordância com essa decisão recorreram aos meios legais para impedir a trasladação.

               Porém o Tribunal já veio ontem dizer que a Providência Cautelar não vai impedir a trasladação os restos mortais de Eça de Queiróz.

No entanto, esta já não poderá ser concretizada a 27 de setembro de 2023 como já havia sido planeado.

A ideia de Eça de Queiroz receber as honras de ficar sepultado no Panteão Nacional juntamente com outras figuras ilustres já homenageadas com esse gesto partiu da Fundação Eça de Queiróz e foi o pela mão do Partido Socialista que este projeto chegou à Assembleia da República, acabando por ser aprovado por unanimidade em Janeiro de 2021. Em causa estava o reconhecimento e homenagem literária ao escritor Eça de Queiróz.

Eça de Queiróz morreu em 1900 na sua casa em França e depois foi sepultado no Alto de São João em Lisboa e, posteriormente, foi trasladado para o Cemitério de Santa Cruz do Douro em Baião onde se situa a atual Fundação e região que foi retratada num nos seus últimos livros “A cidade e as Serras” onde é feita a oposição entre o excessivo modernismo francês e aquela região rural e ainda pouco desenvolvida de Portugal do século XIX.

Segundo uma notícia da Rádio Renascença online Eça ficará sozinho  numa sala disponível no piso térreo do Panteão.

No Panteão encontram-se igualmente sepultados: Almeida Garrett; Aquilino Ribeiro; Guerra Junqueiro; João de Deus, Eusébio; Humberto Delgado, Amália, Aristides de Sousa Mendes…

Eça é conhecido do grande público pelos seus romances, nomeadamente, “Os Maias”, “O Primo Basílio”, “A Relíquia”, “A Ilustre Casa de Ramires”…

O escritor através dos  seus romances faz uma crítica social das sociedade do século XIX, segundo ele, repleta de vícios e preconceitos.

“Os Maias” é talvez a obra mais conhecida de todas as pessoas porque faz parte do programa obrigatório de Português do 12º ano, há já muitos anos. Nessa obra  é traçado um retrato da sociedade Lisboeta do século XIX repleta de personagens  desconcertantes e que desafiam os valores da época ainda muito moralista, preconceituosa e corrupta.

Através do seus livros compreendemos que Eça de Queiróz descreve sempre  como personagens centrais cidadão do mundo, cultos, sofisticados e humanistas.

Também, paralelamente, à sua faceta de escritor Eça de Queiróz foi Cônsul de Portugal  pelo  menos em Havana, Londres e Paris.

A Rtp1 transmitiu a alguns anos uma série sobre  a vida de Eça de Queiróz como cônsul onde surge representado como um ser cosmopolita, cheio de valores humanistas lutando contra a escravatura, que ainda se fazia sentir nas plantações em Cuba.

Assim, apesar de Eça de Queiróz estar sepultado em Baião foi sempre um cidadão do mundo toda a sua vida e através dos escritos literários quebrou  a barreira da esfera privada e tornou-se um pouco de todos nós. Por isso, Eça de Queiróz compartilhar o espaço com os mais ilustres portugueses todos distinguidos pelo sua integridade  e humanismo para além do seu brilhante percurso profissional e pessoal não desonra em nada o também ilustre Eça de Queiróz…

 

Ana Margarida Alves