Ainda não há vagas para todos no pré-escolar...

09-09-2023 07:53

            Andava tudo numa felicidade com o fim do sufoco do pré-escolar não gratuito e com acesso a todos ao Ensino pré-escolar.

               Mas, parece que ainda existem listas de espera e nem todos têm acesso a vagas gratuitas. E a solução do pré-escolar no privado não abrange de certo as pessoas mais vulneráveis.

               O que nos faz pensar que a democracia não se concretiza em termos educativos. Afinal, alguns vão ter acesso ao Ensino gratuito de qualidade e outros ficam de fora.

               Parece que a educação ainda anda ao “relenti” e está provavelmente na cauda da Europa no que toca o pré-escolar.

    É certo que os pais hoje em dia já são mais instruídos e que as crianças  quando chegam aos três  já levam uma bagagem familiar de conhecimento bastante elevada.

    Porém é na escola  que vão desenvolver  as competências sociais como a sociabilidade  e a interação com os outros. É para muitos pela primeira vez que são inseridos em grupos de crianças mais alargados e onde é preciso aprender a gerir as emoções e afinar mais as regras de sociabilidade e deixar de lado as birras a toda a hora por causa de tudo e mais uma coisa.

    Os horários começam a ser outros, mais rígidos e rigorosos e as aprendizagens também.

    Por isso, a situação de ficarem crianças em casa quando deviam, estar aprender não é admissível nos países democráticos. Afinal se o Estado cria lugar para alguns tem a obrigação ética de criar lugar e infra-estruturas para todas as crianças.

O Governo quanto a esse problema argumenta que o pré-escolar a partir dos três anos ainda não é obrigatório para todos. Mas já não devia ser há muito tempo ainda mais no século XXI?

    As crianças desde que são concebidas estão em constante desenvolvimento físico e cognitivo. Existem muitos teóricos que dizem que estas reagem já a estímulos como a vozes do exterior, a música e quando nascem esse desenvolvimento continua numa velocidade estrondosa como se autênticas esponjinhas de aquisição de conhecimentos  se tratassem. Por isso hoje em dia,  muitos pais optam por aos quatro meses os inscreverem em creches privadas ou de solidariedade social. Atualmente, devido ao programa “creche feliz” da segurança social para as famílias mais vulneráveis são gratuitas.

    Porém, também nessa fase existem problemas de acesso a vagas gratuitas e muitos pais optam por ficar em casa com os filhos devido não terem possibilidade de suportar as despesas duma creche privada.

               Parece que o apoio fora das famílias,  antes da entrada no primeiro ciclo anda muito baralhado e na realidade apesar do estado criar medidas, efetivamente, ainda muitos ficam de fora do sistema. Logo, ainda não é muito democrático…e se fosse só a democracia que estivesse em causa…

               Não quer dizer que a educação que os bebés e crianças dada pelas famílias não seja importante. Todavia, os espaços educativos hoje em dia são altamente especializados repletos de equipas multidisciplinares que acompanham as crianças quase desde o berço…e desenvolvem as crianças em quase todos os níveis.

               Na minha época ainda nem se falava muito em creches, as crianças viviam no mundo da família, das mães, das avós e o pré-escolar estava vedado às crianças mais vulneráveis.

               E quando fui atirada para a primeira classe no meio de um grupo de crianças que tiveram a sorte de passar pelo Jardim de infância com a lição mais que estudada. Foi aterrador tive que fazer um esforço hercúleo para acompanhar o comboio da educação que já corria muito veloz…

               Por, isso impressiona-me que ainda hoje, passados mais 30 anos ainda existam crianças que fiquem em lista de espera por falta de vagas no pré-escolar.

               Não faz sentido.        

Ana Margarida Alves