Musicoterapia e a Linguagem

11-12-2012 15:05

A musicoterapia e o de desenvolvimento de linguagem

 

As potencialidades da música como terapia têm sido exploradas por áreas mais diversificadas, como a saúde, educação, psicologia, entre outras, sendo a sua aplicação, especialmente benéfica no tratamento de problemas de foro neurológico, de motricidade e distúrbios de comunicação e linguagem.

 

Nesta perspetiva, Ana Paula Marques Gomes e Alexandra Simões da Escola Superior da Educação de Paula Frassinetti elucidam-nos para o uso da música como estratégias e suporte de apoio a crianças com Distúrbios de Comunicação e Linguagem: Distúrbios de Articulação, Gaguez, Alteração de Linguagem Verbal e outras deficiências em que a comunicação e a linguagem estejam comprometidas.

 

Sendo a música um excelente meio de desenvolvimento permitindo que a criança possa usufruir de satisfação imediatas. Considera-se que esta pode contribuir  ao nível da comunicação verbal e não verbal, no que diz respeito a aspetos cognitivos afetivos/emocionais e motores, ao mesmo tempo que promove a interação e o autoconhecimento. É por isso importante que a criança sinta que tem ali a oportunidade de explorar os seus sentimentos e de os exteriorizar sem ter que os verbalizar.

 

A música é uma forma de manifestação artística e estética e a beleza da criação musical é fundamental para o enriquecimento da vida tornando-se importante que as crianças se apercebam dos sons que podem ouvir e obter. Deste modo e necessário desenvolver neles a sensibilidade, o sentido artístico e estético.

 

Música é assim, uma arte afetiva baseada em sentimentos. É uma arte abstrata e os seus estímulos provocam respostas que variam conforme as percepções. A criança tem a capacidade de perceber sons desde o quinto mês na vida intra-uterina. Tomatis (in Maudale, 2007:I) defende que a audição influencia em muito o movimento, a linguagem e a aprendizagem da criança.

 

Deste modo, a música é muito importante para o ensino e o desenvolvimento de caraterísticas musicais de cada um desenvolvendo três aspetos fundamentais:

 

A motricidade – quando nos movemos ao som de algo

A Cognição e a Criatividade – quando analisamos o que ouvimos, tocamos e quando improvisamos

A afetividade – quando sentimos algo quando ouvimos

 

Distúrbios de Comunicação e Linguagem

 

Kirk e Gallagher (2002:277) definem distúrbios de comunicação como distúrbios de como distúrbios da fala e linguagem de salientar que muitas crianças como patologias como deficiência mental, dificuldades de aprendizagem, surdez apresentam distúrbios de comunicação ao nível da fala e linguagem. Deste modo estes tipos de distúrbios caraterizam-se por um estado em que individuo não demonstra um conhecimento das necessidades do sistema linguístico proporcional à norma esperada.

 

Segundo o American  Speech Language. Hearing, distúrbios de comunicação são definidos como deficiências na articulação, linguagem, na voz ou na fluência (Kirk Gallagher, 2002.2.279).

 

A criança para falar necessita de realizar movimentos rápidos e bem coordenados da cavidade orofaríngea a qual é constituída pelos lábios, língua, maxilares, palato, assim como emitir corretamente a voz. No entanto, a produção verbal oral depende ainda da laringe e do sistema respiratório, sendo da articulação do sistema fonatório, articulatório e respiratória que se produz  corretamente a linguagem.

 

Mas quando, um destes sistemas não funcionam corretamente, a criança pode apresentar inúmeras patologias das quais se destacam como mais comuns: distúrbios de articulação, gaguez, distúrbios de voz, alteração de linguagem, afasia de desenvolvimento e deficiências associadas.

 

Distúrbios de Articulação

São definidos como desvios da fala, caraterizados pela substituição, distorção, omissões e adições de sons da fala (fonemas). Estas dificuldades podem dar-se nas áreas articuladores cuja coordenação da língua, lábios, dentes, maxilares e pelato é imperfeito fazendo com que a cavidade  oral seja alterada devido ao movimento dos maxilares da língua resultando numa fala imperfeita (kirk Gallagher, 2002:286).

 

Outros fatores que podem provar distúrbios de articulação são os orgânicos, ou seja, os desvios da língua, faringe, laringe, lábios, dentes, pelato, duro e mole e mecanismos de respiração. Este fatores devem-se, provavelmente, a um ambiente de privação, persistência infantil/bilinguismo, problemas emocionais ou amadurecimento lento.

 

Segundo Marcelli (2005:144) as perturbações articulatórias são frequentes e comuns até aos cinco anos devendo-se recorrer a uma reeducação caso esta persistam.

 

Gaguez

A disfenia conhecida como gaguez interfere com a fluência da fala. Esta dá-se quando a corrente da fala é interrompida anormalmente por repetições  de prolongamentos de som e sílabas ou posição articulatória ou comportamento. De fuga e luta interna. Webster e Brutten (in Kirk Gallagher, 2002:291) identificam as caraterísticas mais importantes de um indivíduo que gagueja como:

 

Falta da fluência da fala devido à repetição involuntária ou ao prolongamento de sons e sílabas

Grande proporção de repetição e prolongamento das mesmas

Falta de fluência associada à estimulação emocional

Esforços voluntários para, enfrentar ou encobrir, ocorrências involuntárias da gagueira, através das respostas verbais e não verbais, isto é respostas verbais e não verbais, isto é, repetindo frases, palavras, mudando a velocidade e intensidade da fala, piscando os olhos, franzidos lábios e assim por diante.        

 

    Bautista (1997:89) distingue três tipos de gaguez:

Uma ligada a aspetos linguísticos em que o indivíduo recorre ao uso, em excesso dos sinónimos, produz um discurso incoerente manifesta desorganização entre o pensamento e a linguagem, entre outros;

 

Outro tipo ligado aos aspetos comportamentais caraterizados pelo mutismo, retraimento, ansiedade, bloqueios, etc.

 

E uma terceira caraterizada por aspetos comportamentais caraterizados pelo mutismo, retraimento, ansiedade, bloqueios etc. E uma terceira caraterizada pelos aspetos corporais e respiratórios como são o caso dos tiques, espasmos, alterações respiratórias, rigidez facial.

 

Apesar de existirem várias teorias sobre a causa da gaguez, as quais  se dividem entre causas hereditárias, causas ambientais, a verdade é que ainda se conseguiu chegar a um consenso quanto à origem e forma.

 

Distúrbios de voz

São quatro os componentes básicas da voz:  a intensidade, o tom, o timbre, e  a duração, os primeiros são produzidos na laringe, ou seja, a voz é produzida através da corrente de ar, passando entre as cordas vocais e a laringe. A partir da laringe o som passa para cima através da corrente de ar, passando entre as cordas vocais e  a laringe. A partir da laringe o som passa para cima através de várias cavidades, como garganta, boca e nariz, devendo produzir o tom nítido (fonação), emitindo a partir da vibração das cordas vocais, o qual deve ser adequado quanto á intensidade (nem demasiado baixo nem demasiado alto).

 

A qualidade da voz é um dos defeitos mais comuns nestes distúrbios, segundo Kirk e Gallagher (2002:296), encontram-se: na fonação (produção de som) e na ressonância (direção de som e colocação de voz). A fonação, que tem origem na laringe apresenta por vezes por falta de ar e rouquidão deficiências as quais podem ser causadas por deficiências estruturais que provocam por sua vez uma incapacidade das cordas vocais em que produzirem as vibrações corretas do fluxo de ar.

 

A ressonância depende da sua estrutura da cavidade oral, nasal, laríngea (área de fonação) e faríngea (parte de trás da garganta).

 

No que diz respeito à intensidade e altura da voz estes problemas com o tom demasiado alto ou baixo que a criança tem, fazem com que o ouvinte se sinta incomodado pelo excesso ou que não se entenda por falar demasiado baixo, ocorrem, principalmente, na fase da adolescência nos rapazes aquando da transição da sua voz para um registo mais grave. As raparigas manifestam, por vezes, o oposto, ou seja, a intensidade demasiado baixa podendo apresentar os mesmos problemas que os rapazes.

 

Segundo Bautista (1997:86) na maior parte das vezes as alterações de voz devem-se ao uso inadequado tanto em excesso como por defeito. Como causas possíveis o autor distingue bronquites crónicas; asma, adenoides, laringite e ainda distingue etiologias traumáticas, ambientais, funcionais e orgânicas.

 

Alterações da Linguagem

A linguagem é assim fundamental para o homem, pelo qualquer anomalia séria em relação às normas estabelecidas e desempenhos normais podem comprometer a compreensão da mensagem. Bloom e Leahy (in Kirk e Gallagher, 2002:301) consideram que  a linguagem envolve três fatores fundamentais, são eles  a intenção de uso (modo como se utiliza a linguagem, interação de forma (sistema convencional de regras de combinação de sons e palavras a fim de formar frases e sentenças); interação do conteúdo (ideias sobre os objetos e acontecimentos do ambiente) caso um destes fatores esteja alterado., estaremos perante um caso de distúrbios de linguagem.

 

Tendo em conta a linguagem verbal, podem distinguir-se três categorias de distúrbios de linguagem verbal: o atraso de desenvolvimento de linguagem, a afasia do desenvolvimento ou afasia congénita  e mutismo.

 

O atraso do desenvolvimento da linguagem trata-se de um desenvolvimento da linguagem que progride num ritmo mais lento do que o normal, sendo o desempenho inferior quando comparado em termos de idade cronológica da criança. Como caraterísticas principais Nieto (in Bautista, 1997:90) considera quando só depois de dois anos surgir o aparecimento das primeiras palavras; se até aos três anos a criança ainda não fizer associação de palavras, se aos quatro anos o vocabulário for bastante reduzido, se a criança mostrar desinteresse em comunicar, se a compreensão for maior que a expressão, se manifesta o uso excessivo de gestos para comunicar; se demonstrar imaturidade na dominância lateral.Kirk e Gallagher (2002:303) destacam como possíveis causas: a perda auditiva, a deficiência mental, os problemas de comportamento e privação ambiental.

 

A afasia de desenvolvimento ou afasia congénita diz respeito a um síndrome identificável que precisa de ser considerado à parte entre causas orgânicas de atraso de linguagem. Contrariamente, ao atraso de desenvolvimento da linguagem, há aqui uma perda ao nível da fala devido a uma lesão do trauma cerebral, sem que haja lesões das vias auditivas ou motoras responsáveis pela fonação. (Eisenson, in Kirk e Gallagher, 2002:203).Segundo Nieto (in Bautista 1997:92) podem distinguir-se as seguintes caraterísticas da afasia do desenvolvimento tais como: dificuldades de interpretação da linguagem verbal, descoordenação motora geral: fala difícil de entender, linguagem telegráfica, ecolalia, hemiplagia, o atraso na linguagem consoante  a função patológica orgânica.

O  mutismo crateriza-se pelo desaparecimento da linguagem de forma progressiva ou repentina, sendo mais comum na criança e no adulto. Podem-se distinguir dois tipos de mutismo (Bautista 1997-90). O mutismo neurótico, o qual pode ser relativo associando-se muitas vezes, a outras manifestações e quando para além seis anos de  idade pode provocar limitações  tanto a nível escolar como social; e o mutismo psicótico  em que a criança apresenta, por volta dos três anos e seis anos caraterísticas autísticas. As causas podem ter origem num choque emocional, ser tipo histérico provocado por doença laríngea, etc.

 

Deficiências com distúrbios de linguagem associados

No que respeita às deficiências com distúrbios de comunicação e linguagem associadas apenas abordaremos a comunicação e linguagem da criança autista e da criança com paralisia cerebral, isto porque a  primeira envolve questões mais ao nível da comunicação afetiva, interação social e desenvolvimento  da linguagem e a segunda envolve os aspetos motores mais ao nível da articulação e interação social.

Segundo (Pereira) (2005:9), o autismo trata-se duma condição ou estado de alguém que manifesta uma tendência para  o alheamento da realidade exterior, ao mesmo tempo que toma uma atitude de permanente concentração em si mesma. É visto hoje em dia como uma perturbação global de desenvolvimento, a qual a nível social se apresenta através de insuficiências afetivas e  de jogo imaginativo, assim como através de insuficiências afetivas e de jogo imaginativo, assim, como através da realização de um número de atividades restritivas e repetitivas. Tudo isso se reflete no contexto individual, familiar e social.

 

Kanner (in Pereira, 2005: 11) distingue três caraterísticas principais, são elas, a falta de capacidade manifesta  no relacionamento vulgar com as pessoas e situação; a dificuldade de comunicação e a ansiedade obsessiva pela manutenção do mesmo estado de coisas, também denominado sameness.

 

Estas crianças revelam deste modo, uma falha no contato afetivo. Parecem viver num mundo à parte, só delas. Para além desta ausência de manifestação afetiva, parecem apresentar mutismo ou uma determinada linguagem, normalmente, não dirigida para as relações interpessoais.

 

Aliás, mesmo quando são dotadas de linguagem têm dificuldades em iniciar e manter diálogo. Segundo um estudo de Kanner (in Pereira 2005:13) apesar das crianças autistas poderem demonstrar uma grande capacidade de memória, estas quando dizem rimas, lengalengas, etc. Faziam-no como se estivessem apenas a emitir sons sem que percebessem o significado das palavras, tratava-se dum ato mecanizado e não acrescentam qualquer expressão afetiva.

 

O autor faz referência, á capacidade normal de inteligências que as crianças autistas apresentam. Na realidade, a sua dificuldade, encontra-se nas relações sociais e na sua capacidade primária em estabelecer relações interpessoais.

 

O DSM-IV_TR (in Pereira, 2005: 39) considera que o espetro do autismo envolve limitações ao nível das relações sociais da comunicação (verbal e não verbal) e da variedade de interesses  e comportamentos.

 

O déficit qualitativo na interação social, o qual pode ser manifestado no recurso a vários comportamentos não verbais, como o cotato ocular, a expressão facial, a postura corporal, os gestos, a incapacidade de desenvolver relações interpessoais, ausência de partilha com outros prazeres, interesse ou objetos e a falta de reciprocidade social e emocional.

 

Os déficits qualitativos de comunicação que se revelam através do atraso ou ausência total da linguagem oral, pela grande incapacidade de competências de iniciação ou manutenção de diálogo com os outros. Através do uso estereotipado e repetitivo da linguagem idiossincrática e pela ausência do jogo realista espontâneo ou jogo social imitativo de acordo com o seu grau de desenvolvimento.

 

Os padrões de comportamento, interesses e atividades restritivos, repetitivos e estereotipados.

 

Nos casos de paralisia cerebral, podemos citar Cahuzac (in Bautista 1997-293) define paralisia cerebral como uma desordem permanente e não imutável da postura e do movimento, devido a uma disfunção do cérebro antes que o seu crescimento e desenvolvimento estejam completos. Deste modo não é evolutiva é suscetível de melhoras.

 

O cerebro possui inúmeras funções as quais estão interelacionadas com diferentes áreas, uma lesão cerebral pode abranger mais do que um aspeto podendo assim esta associada às perturbações motoras, outras alterações ou distúrbios a nível da linguagem: audição, visão, desenvolvimento mental, caráter, epilepsia...

 

Segundo Lima (2000:224 a paralisia cerebral apresenta diferentes graus ou níveis de alterações que se podem caraterizar de três modos:

Competências comunicacionais próximas do normal

Leves e graves alterações de motricidade

Graves atrasos na aquisição de linguagem ou ausência da mesma

 

Na realidade, a linguagem desenvolve-se mesmo quando existe lesão cerebral. No entato, a lesão motora do aparelho fonador e articulatório pode provocar perturbações articulatórias (Marcelli; 2005:304).

 

É normal existirem repercussões ao nível da linguagem nas crianças com paralisia. Deste modo, as formas de expressão como  a mímica, o gesto e as palavras são aquelas que estão mais  comprometidas uma vez que dependem da coordenação motora.

 

Logo que nasce, a criança apresenta dificuldades no uso do órgãos responsáveis pelo ato da alimentação (reflexos de sução, deglutinação, mastigação e vómito), os quais poderão manifestar-se insuficientes ou em excesso para a concretização do ato e são estes mesmos órgãos que mais tarde poderão influenciar a produção da linguagem.

 

Quando nos referimos à dificuldades na linguagem expressiva, estas ocorrem devido a espasmos dos órgãos respiratórios e fonatórios caraterizando-se por uma maior lentidão na fala, modificação de voz, e, mesmo, ausência desta, dificuldades de produção de palavras (fala-palavras-frases-interrompidas devido a dificuldades respiratórias).

 

Quando ao atraso de desenvolvimento da linguagem compreensiva, esta pode ser provocada por perturbações auditivas, lesões suplementares nervosas, falta de estimulação linguística ou modelo linguístico insuficiente. Por vezes, sente-se falta da retroalimentação, a criança tem dificuldade de se ouvir  a si  mesma.

 

A produção da fala, também se pode encontrar alterada nos casos de deficiências motoras, sendo denominada de disartia, ou seja, dificuldades de expressão devido a alteração de tónus e dos movimentos dos músculos fonoarticulatórios, secundários, lesão do sistema nervoso central.

 

A criança com paralisia com défices articulatórios acentuados acaba por ter uma grande dificuldade ao nível da integração no meio social.

Este artigo de Ana Maria Paula Marques Gomes e Alexandra Simões da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti “A música e a criança com distúrbios de comunicação e linguagem” realça as opiniões diversas da importância da música com terapia e agente desbloqueador de problemas de linguagem.

 

 Algumas pessoas vêem a música como uma linguagem, como estruturas e padrões que levam à mente associações particulares e significados. Outros pensam a música como uma estrutura de símbolos do sentimento humano que vem ao de cima como experiência emocional. Idioma de comunicação ou descodificador de emoção? Muitas outras apropriações podiam ser tomadas. O fato é que a música nos contagia, os psiquiatras encorajam frequentemente o uso de relaxamento através da música nos contagia. Os psiquiatras encorajam frequentemente o uso  de relaxamento através de música gravada  aos seus pacientes Lowenstein (in Durant e Welch, 1995:8) relata que escutar música é uma terapia efetiva tratando casos de timidez em crianças mal ajustadas.

 

As autoras falam da sua experiência pessoal no universo da educação e alertam “o maior inimigo do educador/professor do ensino regulador quando nos referimos à música é que muitas vezes caem no erro de pensar que a  música apenas cinge a execução instrumental dá ao indivíduo e à sua vida cultural.    Deste modo, devem-se educar musicalmente as crianças de forma a desenvolver, nelas não só o potencial criativo mas também as suas habilidades, estendendo-se o conhecimento das funções da música encorajando um estender mais profundo da mesma como forma de linguagem e símbolo do sentimento humano. No entanto, o que a torna um elemento rico no trabalho com crianças com deficiências cognitivas e motoras é o fato de que não é necessário dominar a sua técnica para a escutar, para sentir, para vivenciar.

 

A música é das artes completas neste aspeto pois envolve-nos, não nos necessitamos de nos dirigir na sua direção como acontece quando vamos ao teatro ou ver um bailado, as suas sonoridades, envolve-nos e “entram” dentro de nós quer queiramos quer não. Mesmo tapando os ouvidos sentimos as suas vibrações no nosso corpo. O que torna a música rica no trabalho com crianças deficiências cognitivas e motoras é o fato da música não necessitar que se domine a técnica para se sentir.

 

A música interage (comunica) espontaneamente com a pessoa e estimula-a sensorialmente.

 

 

Tendo em conta que a música é uma linguagem não verbal esta pode dividir-se em dois tipos: a música instrumental e a música vocal. A primeira dá toda a liberdade de interpretação e manifestações expressivas através do movimento, relaxamento e meditação. A segunda contém textos com determinados significados, condiciona a interpretação ao seu significado.

 

Segundo Alvim (in Sousa, 2005:127) a música instrumental é um excelente meio de desenvolvimento mental, físico, afetivo e social permitindo que  a criança possa usufruir de satisfações imediatas, independentemente, da gravidade da sua patologia uma vez aquilo que  a criança escuta e o modo como interpreta são uma criança escuta e o modo como interpreta são uma criação que vem dela e que corresponde às suas experiências, física, inteletual e emotiva. Bang (in Sousa, 2005: 130) considera que a música produz um meio de comunicação de carater sobretudo emocional e ela torna-se importante e aplica-se precisamente onde a comunicação verbal não se utiliza, isto é, quando não é compreendida ou é inexistente. Quando se desenvolvem atividades de expressão musical com crianças pequenas e com distúrbios de comunicação e linguagem, não se pretendem desenvolver técnicas específicas da música como leitura, execução e composição como meio. A música será como um objeto deverá ser explorada livremente pelas crianças de modo a que estas se identifiquem com as sonoridades, recorrendo ao seu corpo (batimento e voz) e aos instrumentos convencionais ou não convencionais (objetos, instrumentos, construídos em material reciclado por exemplo).

 

A música vocal permite que a criança utilize o seu corpo como instrumento, experimentando a vez como uma extensão direta de si própria  e aos poucos concentrando-se na melodia e nas palavras, a sua memória vai fazer com que tome consciência conforme conta, do significado do que está a dizer fazendo com que as capacidades perceptivas  e cognitivas e expressivas  estejam a trabalhar em conjunto. As palavras devem ser simples e francas e foram cuidadosamente escolhidas para dizer o que eles têm que dizer com a claridade de expressão, não precisam de rimar.

 

Isto é particularmente verdade se a colocação melódica e rítmica de palavras importantes enfantizar o valor expressivo destas.

Em anexo, as autoras sugerem atividades musicais que se podem pôr em pratica  para estimular todos os sentidos...

Exercícios Musicais Recomendados.pdf (15,9 kB)

 

 

Bibliografia:

Benedetti, Katia Simone, Doroteia Machado Kerr “A psicopedagogia de Vigótski e a educação musical, uma aproximação”

Catucci, Stefano, “A História da Música:,sons, instrumentos, protagonistas”, Porto Editora

Jauset Berrocal, Jordi A. “Música y neurociência, la musicoterapia: Sus fundamentos, efetos y aplicationes terapêuticos”, edição, data

Gomes, Ana Maria Paula Marques e Simões, Alexandra “A música e as crianças com distúrbios de comunicação e linguagem”,  Escola Superior de Educaçao de Paula Frassinetti.

Ilari, Beatriz, “A música e o desenvolvimento da mente no início da vida: investigação, fatos e mitos”, Revista Eletrónica de Musicologia – Vol IX-Outubro de 2005

Nunes, Patrícia “Experiência Auditiva no meio Intra-Uterino”, apresentada no âmbito do curso de Psicologia na Universidade de Coimbra

Padilha Marisa do Carmo Prim, “Musicoterapia e o tratamento de crianças com espetro de Autismo”, Universidade da Beira Interior, Faculdade de Ciências da Saúde, Mestrado Integrado, 2008

Tristão, Rosana Maria e Patrícia Lima Pederiva, “Música e Cognição”, 2006; Vol 09:83-90,

(https://www.ciencias e cognição.org)

www.elmundo.es/elmundosalud/2011/05/11/neurociência/1305139904.html “Música contra los achaques, Sílvia R. Taberné, Madrid

 

 

Texto e pesquisa elaborado por: Ana Margarida Alves