Devastação sem limites na Síria e na Turquia…

12-02-2023 15:01

 

 

 

 

 

                                                       

                                                        Fotografia in Jornal Público: A bebé Raghah Ismail salva

 

    O terramoto  no sudeste da Turquia que afetou também algumas zonas da Síria devastou completamente aquelas regiões provocando a morte até ao momento - segundo notícia avançada pelo Diário de Notícias de 9 de Fevereiro - a mais de 21 051 pessoas:17 674 na Turquia e 3 377 na Síria  e 58 mil feridos, agonizando ainda mais a crise humanitária vivida naquelas regiões.

Enquanto a maioria das pessoas dormia, pelas 4 h 17 minutos um terramoto 7,8 graus na escala de Ritcher eclodiu no sudeste da Turquia a 33 quilómetros da capital da província turca Gazianpe. Ocorrendo logo sucessivamente centenas de réplicas.

    O tremor de terra foi o mais violenta na região no último século. A última vez que se registou o abalo de igual intensidade foi a 26 de Dezembro de 1939 em Erzincan no leste da Turquia. Na altura o sismo causou a morte a mais de 32 mil pessoas  e provocou um Tsunami no mar negro a 160 quilómetros do epicentro.

    Segundo notícia da RTP trata-se do sétimo desastre natural mais mortífero deste século à frente do terramoto e do Tsunami de 2011 no Japão  que provocou  a morte a 31 mil pessoas e o sismo do Irão de 2003.

    Nas zonas hoje atingidas  pela catástrofe não restou pedra sobre pedra, ficando milhares de pessoas debaixo dos escombros. E até ao dia de hoje, as equipas de salvamento desdobram-se em esforços para contrariar o óbvio – a morte certa imposta por tamanha fatalidade - tal a dificuldade de abrir um fio de esperança e sulcar brechas entre os escombros e resgatar milhares de vítimas.

    Após a ativação do mecanismo de proteção civil da EU pela Turquia: dezanove estados-membros da União Europeia (Austría, Bulgária, Croácia, Chipre, Chéquia, Estónia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Malta, Países Baixos,  Portugal, entre outros.) foram para o terreno.

    Numa região em que tudo falta, as pessoas vagueiam à sua sorte, ao frio sem nada, nem lar, nem comida enquanto vão sendo encaminhadas pelas organizações humanitárias.

    Segundo a ONU pelos menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos.  O programa alimentar da ONU pediu cerca de 72 milhões de euros para fornecer alimentação a pelo menos 590 000 pessoas deslocadas pelo terramoto na Turquia e 284 000 na Síria.

 

Uma réstia de esperança a cada momento…

    Através da comunicação social chegam-nos milhares de estórias que tem tanto de horror como de desesperança, no entanto, entre lágrimas e histórias de sofrimento sobre-humano de pessoas que para além das suas casas perderam quase toda a família, os amigos, os vizinhos, existem autênticos milagres.

    É o caso de Raghah Ismail, uma bebé de 18 meses, síria que foi resgatada com vida entre os escombros de sua casa mas mãe grávida e irmãos não sobreviveram, uma notícia em destaque no Jornal Público de 6 de Fevereiro.

    É também o caso de Aya[1] resgatada da cidade de Jindayris ainda com o cordão umbilical ligado à mãe que acabou por não sobreviver. Recebeu esse nome por se tratar de um autêntico milagre. Aya em significa sinal de Deus ou milagre em árabe.

Milhares de pessoas ofereceram-se para adotar esta menina que nasceu sob os escombros de um prédio que desabou no noroeste da Síria. Após o terramoto de 6 de Fevereiro de 2023.

    A 10 de Fevereiro de 2023 um pai e uma filha foram resgatados após 90 horas sob os escombros na Turquia, um verdadeiro milagre, na cidade de Odabasi na província de Hatay no Sul da Turquia.

    Segundo os especialistas o tempo médio que uma pessoa pode permanecer viva sem ingerir água e comida em desastre como o sismo é de 72 horas.

    Podemos ainda referir, por último mas não menos importante o salvamento de um menino de dez anos, segundo notícia da RTP de onze de Novembro de 2023. O comandante da missão portuguesa José Guilherme refere que já “valeu a pena” a deslocação ao país.

Segunda uma notícia da RTP de 10 de Fevereiro de 2023 existem milhares de crianças  em perigo na Turquia e na Síria após os sismos.

    A Unicef estima quer quase dois milhões de crianças tenham sido prejudicadas por causa dos terramotos na Turquia e na Síria.

    Em Granziantep a Unicef tenta apoiar as crianças que ficaram sozinhas.

 

    Além  do delicado problema das crianças, são milhares de mortes, milhares de feridos e  milhares de desalojados em ambos os países.

    As buscas continuam, milhares de pessoas ainda se encontram presas entre os vários prédios.

    No entanto, segundo uma notícia da rádio “Renascença”, em termos de ajuda e salvamento o maior problema está na Síria. Este país encontra-se sob o regime ditatorial e envolvido numa guerra civil desde 2011, não sendo assim fácil exercer diplomacia e auxiliar a Síria,  Bashar – Al – Assad, o presidente do país, não facilita o diálogo e  a compreensão aprofundada das reais necessidades causadas pelo terramoto, de forma que a ajuda humanitária chegue às populações.

    O Diretor Executivo da Amnistia Internacional de Portugal admite ser mais fácil ajudar a Turquia, embora, destaque que a Síria não deva ficar para trás.

    Para Pedro Neto “a comunidade internacional tem que lidar com o interlocutor principal  Bashar – Al – Assad e tem que haver garantias da entrada da Ajuda Humanitária. “muitas dessas pessoas já eram deslocados internos, já viviam, sem condições. Agora com esta catástrofe esse perigo e esse problema aumenta exponencialmente.”

    O bloco da União Europeia pretende financiar organizações humanitárias que estejam a realizar a operação de busca e salvamento ao mesmo tempo que fornece água, apoio sanitário e distribui cobertores e artigos de higiene às zonas afetadas.

Os Estados Unidos mostram-se comprometidos na ajuda aos Sírios afetados pelo sismo, mas, rejeitam colaborar com o governo de Bashar-al-Assad. Washington optará por canalizar apoios para organizações não-governamentais no terreno.

    A operação de busca e salvamento ainda não foi dada como encerrada. E depois de se salvar as vítimas possíveis levanta-se um problema ainda maior, reconstruir e dar uma novo alento aquelas populações que ficaram com a vida estilhaçada não só em termos humanos, visto que são raros o que não perderam, alguém naquela tragédia, mas, também em termos materiais,  as zonas afetadas, terão que se reerguer aos poucos e reconstruir tudo de novo.

 

 



[1] Notícia da Rádio Renascença de 9 de Fevereiro de 2023, do jornalista Ricardo Vieira, complementada  com alguns factos divulgados pela BBC News Brasil de 9 de Fevereiro.