Jovens estudantes da universidade de Lisboa andam tristes e deprimidos, revela estudo.

11-06-2022 09:54

 

 

Mais de metade dos jovens que participaram num estudo realizado na universidade de Lisboa revelam sentir-se tristes, deprimidos, irritados e nervosos pelo menos uma vez por mês. Apesar de apresentarem estas vulnerabilidades psicológicas, simultaneamente, apresentam baixos consumos de álcool (48,8%) e grande maioria afirma não fumar tabaco (84,4%).

A psicóloga Margarida Gaspar de Matos, uma das autoras do estudo “Saúde e estilos de vida dos estudantes à entrada da Universidade”, publicado no dia 7/06/2022 destaca que a investigação vem levantar várias questões no que toca a vida dos jovens universitários: tem problemas de saúde mental, privação do sono, preocupações, má alimentação, sedentarismo ou uso excessivo de ecrãs.

                O inquérito “online” abrangeu 1143 estudantes do 1º ano de 17 faculdades e Institutos da Universidade de Lisboa, sendo 21% (a maior fatia) são alunos do Instituto Superior Técnico (IST). Em Outubro, o Instituto Superior Técnico já havia realizado um inquérito interno que demonstrava que 17% dos inquiridos revelavam um nível alto de risco na saúde mental.

                Esta investigação revela algumas percentagens que é importante destacar: apresentam nervosismo quase todos os dias (20,4%); sentem-se tristes e deprimidos, diariamente (12,9%); revelam irritação (11,8%) e medo (6,8%).  No entanto, quando questionados numa base mensal as percentagens disparam para os 65,9% da tristeza e depressão; para 73%,2% na irritação e 67,7% no nervosismo. São, ao mesmo tempo, muito preocupados, sendo que cerca de 24,5% refere ter uma preocupação intensa que não os larga e não os deixa ter calma para pensar em mais nada”.

                Apesar de emocionalmente se revelarem frágeis não consultam serviços de apoio psicológico para superar o problema. 79,3% destes jovens nunca foi ou raramente vai ao psicólogo. Consultam o médico de família quando estão doentes (46,6%). “tirando o dentista, o oftalmologista e o médico de família os jovens quando estão doentes vão pouco a todos os profissionais de saúde. Devido também a condições económicas. Há um número reduzido de psicólogos e nutricionistas nos cuidados de saúde primários, e os cuidados no sistema de saúde privado são dispendiosos”, justifica Maria Gaspar de Matos.

O estudo aponta  vários motivos para que os jovens apresentem estes sinais preocupantes, como por exemplo a falta de horas de descanso. Mais de metade dos jovens diz ter perturbações na qualidade do sono (69,4%). Em média dormem menos de oito horas por dia (59,3%). O estudo mostra ainda que 87,6% tem um comportamento sedentário e que grande parte dos jovens usa excessivamente ecrãs (89,9%). Cerca de 39% joga online, tendo sido registado um aumento significativo em tempo de pandemia.

O Estudo ainda revela que se alimentam mal e são sedentários, mas sabem que o são. Para além disso, a maioria refere não fumar (84,4%); menos de metade dos jovens consumiu álcool uma ou mais vezes nos últimos 30 dias (48,8%); 93,1% não consumiu qualquer droga ilegal no mês anterior ao inquérito e 43,6% pratica actividade física uma a três vezes por semana.

Embora o resultado obtido em relação ao consumo de drogas e álcool tenha diminuído para valores inferiores ao que era habitual, estima-se que exista uma probabilidade de os números dispararem depois da pandemia.

Margarida Gaspar de Matos, salienta ainda sobre esta investigação que os jovens se interessam pelas atividades físicas. Frequentam o ginásio três vezes por semana.

A investigadora numa análise global aos dados obtidos aponta vários caminhos para resolver os problemas dos jovens: adoptar medidas de apoio a um estilo de vida saudável, nomeadamente através da promoção de um amplo debate sobre este tema nas faculdades, identificar as escolas onde existam núcleos mais problemáticos e trabalhar mais intensamente junto das associações de estudantes e dos órgãos de gestão, são algumas das medidas propostas.  Outra solução passa pela organização de dois serviços médicos, um de apoio nutricional e outro de apoio psicológico de “fim de linha” para consultas de rastreio e mesmo de acompanhamento de casos mais ligeiros ou de articulação com outros serviços de saúde.

Fonte: Público online 08/06/2022