Natação para bebés sim ou não eis a questão?

17-06-2022 13:15

A água está desde sempre associada à vida humana. O bebé desde a sua conceção fica protegido dentro de uma bolsa amniótica (constituída por um líquido que na sua maioria é água).

Esse vínculo muito próximo do bebé e água fez com surgissem estudos que apontam que o bebé ao nascer e tomar contato com água recorda todas as sensações agradáveis vividas dentro do útero materno e pode mesmo submergir em água sem que se ponha em risco a sua vida. Contudo, ao fim de três meses essa capacidade deixa de ser automática e tem que ser apreendida.

Por causa dessas  surgiu um pouco por todo o mundo a iniciação, desde tenra idade a natação para bebés.

C. G. Velasco no seu livro “Natação para bebés segundo a psicomotricidade”, 1994 refere que 1939, na Austrália Myrtha Mcgrow mostrou que os recém-nascidos podiam realizar movimentos na água, surgindo assim um dos primeiros trabalhos com bebés na área de natação no mundo.

A partir de 1960, a nível internacional, registou-se o trabalho de alguns estudiosos que realizaram experiências, nessa área, mas muitas delas sem cariz científico.

C.G. Velasco, no seu livro “Natação segundo a psicomotricidade”, (1994) refere que em França também se deu início à estimulação precoce no meio líquido através do professor Jaques Vallet, o qual efetuou estudos prévios antes de iniciar os bebés na água.

R. Patrício no seu trabalho “Bebés, água e emoções” (1997) , relata que em França, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos essa atividade se encontra bastante evoluída.

Em relação  a Portugal, o teórico P. Santos em parceria com outros autores redigiu um texto “Natação para bebés, que projeto?” apresentado no XXI congresso Técnico-científico da APTN, Porto (1998) que consideram que a natação para bebés está em franca expansão.

Outros autores também reforçam essa adesão por parte das famílias, P. Flores no seu livro “Anatomofisiologia Infantil”, no primeiro Curso Básico de Educação Infantil é de opinião que as atividades aquáticas tem vindo a tornar-se muito requisitadas. A procura por parte dos pais tem vindo a aumentar uma vez que se trata de uma atividade divertida com vantagens para a saúde do bebé e bem-estar das crianças.

 

 

Para D. Fernandes no seu trabalho “Natação para Bebés Apontamentos do projeto opção I” - Escola da Ciência da Saúde Braga, (2004) em oposição às aulas de natação centradas no ensino/aprendizagem das técnicas de nado. A natação para bebés visa não que estes aprendam a nadar, o que apenas é possível a partir dos três anos, só então possuem um controlo motor que lhes permite coordenar os movimentos, mas sim a  adaptação ao meio aquático e a promoção do seu desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo/social.

O teórico, R. Patrício, (1996) no seu texto “O bebé nas aulas de natação e o respeito pelo seu ritmo” , apresentado  no XIX Congresso Técnico-Científico da APTN Portimão defende que a água será o meio líquido que vai envolver o bebé transportando assim a uma lembrança ou uma sensação já sua conhecida ao líquido amniótico e a mesma ausência de gravidade aquando ao seu estado no saco amniótico.

De acordo com Paula & Moreno, J.A. (2005, p. 53), no seu artigo “Estimulación acuática para bebés” com um programa de atividades aquáticas para bebés a criança adquirirá um conjunto de comportamentos para que não tenha receio de colocar a cara na água sem respirar e que seja capaz de manter a flutuação bloqueando a respiração até que alguém apareça em seu auxílio.

Em suma, os vários estudos apontam para algumas ideias em comum sobre a natação para bebés:

  • Promover a segurança física do bebé face à água
  • Desenvolver a perceção do perigo face à água
  • Estimular o desenvolvimento motor
  • Promover o desenvolvimento cognitivo
  • Promover o desenvolvimento sócio-afetivo
  • Desenvolver a auto-confiança
  • Desenvolver a autonomia no meio aquático
  • Desenvolver autonomia de uma forma geral
  • Promover a saúde
  • Criar espaços lúdicos

 

Contudo, apesar de natação para bebés estar a tornar-se uma moda, alguns autores  (T. Barbosa, 1999b “para uma clarificação dos objetivos dos programas de natação para bebés. Lecturas: educación Física e Deportes (15)  ;  S. Soares “Natação para bebés. Documento de apoio a ação de formação”  e também D. Fernandes “Natação para Bebés”, 2004) alertam para algumas contra-indicações:

A natação para bebés é contraindicada, temporariamente, em situações de febre, infeções, cicatrização de feridas e algumas vacinações.

Já as contra-indicações de caráter permanente podem se aplicar em situações de epilepsia, deficiências mentais ligeiras e moderadas e deficiências motoras e absolutas em situações de dificuldade de deglutinação, insuficiências pulmonares, cardiopatias congénitas, otites crónicas, deficiência mental profunda  e problemas renais.

 

Bibliografia consultada:

  • Matos, Laura Alexandra Serra, Estudo Exploratório da Natação para Bebés na área do Grande Porto, Condições estruturais, materiais e humanas, objetivos e opções metodológicas, Porto, 2009
  • http//www.dodot.pt/bebe/atividades/artigo/natacao-para-bebes