“O milagre da selva colombiana”
Por vezes acontecem milagres.
Desde o início do mês de Maio que o mundo inteiro anda com os olhos postos num caso que aconteceu em plena selva colombiana. Um avião despenhou-se com quatro crianças a bordo, a mãe, um acompanhante e um piloto.
No dia oito de Maio foram encontrados os corpos da mãe, do piloto e do dirigente indígena.
Mas as crianças: Lesley de 13 anos, Soleiny de 9 anos, Tien Noriel de cinco anos e Cristin de um ano continuavam desaparecidos.
Depressa se organizou um plano de resgate para salvar as crianças. Lançou-se sobre a selva colombiana cerca de 10 000 panfletos com instruções em espanhol e na língua indígena e “kits de alimentação” e organizaram-se equipas de resgate no terreno.
Porém, apesar de todos os esforços as crianças continuavam desaparecidas e no horizonte a desenhar-se um desfecho ainda mais trágico: crianças frágeis, perdidas na selva com uma densa floresta, rodeadas de animais perigosos, sem alimentação e cuidados adequados. Tudo indiciava um triste desfecho.
No entanto, ao fim de 40 dias as crianças foram descobertas. Muito fragilizadas mas vivas.
Lesley, a mais velha ainda em estado de choque confirmou que a mãe tinha sobrevivido cerca de quatro dias, mas, depois faleceu.
Mais tarde veio-se a compreender que foi a mais velha que cuidou dos outros três irmãos, tendo também já um pouco de conhecimento sobre a vida selvagem.
Outro pormenor interessante é que a equipa de resgate constituída por 160 militares e 70 indígenas com conhecimento íntimo da selva, encontrou uma tesoura, um elástico de cabelo e partes de um abrigo feita pelas mãos das crianças.
O presidente da Colômbia acredita que foi a sabedoria das famílias indígenas a viverem na selva que os salvaram.
Nesta história o que surpreende não é que uma criança de 13 anos ter maturidade para cuidar dos seus irmãos, mas, sim, ter conseguido ligar com as condições selváticas da selva colombiana, a vegetação densa quase impenetrável, os animais perigosos, os frutos venenosos quer podiam ter dado a história um final ainda mais trágico.
Esta história faz uma certa alusão aquele filme dos anos 80 a Lagoa Azul de Randal Kleiser onde duas crianças abandonadas à sua sorte numa ilha deserta conseguiram sobreviver. Mas o que aconteceu na colômbia não faz parte do imaginário dos filmes americanos foi uma realidade.
O que nos leva a pensar que muitas vezes criamos as crianças dentro de aquários e pouco lhe transmitimos da realidade da vida. Neste caso foi os ensinamentos de uma mãe indígena que salvou estas crianças.
E tantas vezes julgamos as comunidades indígenas como selvagens que poucos cuidados podem oferecer aos seus filhos ao querem manter as tradições do seu povo e ao educar as crianças longe de todos os objetos de conforto e materialismo tão sobrevalorizado pelos ocidentais. Mas agora parece que foi o povo índigena que deu uma lição de vida aos povos que se consideram tão civilizados.
Uma lição de vida ao estilo do livro de Erich Scheurmann, Papalagui, ou seja o branco, o senhor é este o nome dado ao discursos do chefe da tribo Tuiavii de Tiavéa, nos mares do Sul, muito intimamente ligado à natureza nos vê a nós ocidentais cheios de invenções e comodismos imprescindíveis nas ditas sociedades civilizadas seres superficiais desfocados dos que realmente importa e muito arreigados dos valores de espiritualidade e humanismo.
Ana Margarida Alves
Apoio Bibliográfico:
- www.dn.pt/internacional/como-e-que-tres-criancas-e-um-bebe-sobrevivem-na-selva-durante-40-dias--16506577.html