O mistério de “Clavis Prophetarum” foi revelado
O manuscrito Clavis Prophetarum (1608-1697) o único livro que o padre António Vieira escreveu para além dos seus notabilíssimos “Sermões”, mas, que nunca foi editado durante a sua vida foi descoberto.
O seu reaparecimento será o ponto de partida para uma investigação mais ampla. Quem veio a deslindar o segredo foi a investigadora Ana Travassos Valvez, do Centro de História da Universidade de Lisboa. A divulgação desta descoberta teve lugar no dia 30/05/2022, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL).
Ana Valvez explicou que encontrou o documento original na Biblioteca da Pontificia Universidade Gregoriana, em Roma, onde está depositado e foi entretanto restaurado.
Na validação do documento, a investigadora contou com o auxílio de Arnaldo Espírito Santo, professor emérito da FLUL e especialista na obra do padre Jesuíta. Uma anotação à margem do texto permitiu-lhes identificar como sendo o original.
Foram ainda realizados exames laboratoriais ao tipo de papel, de tinta e de encadernação.
Segundo Ana Valvez, nos últimos dois anos após a descoberta a investigadora explicitou que o trabalho de estudo do documento só foi possível graças à tecnologia que permitiu o restauro e a digitalização do manuscrito, o trabalho foi mais moroso do que o esperado devido à pandemia.
“Durante dois anos ficamos impedidos de trabalhar no manuscrito e a tecnologia permitiu o impossível. Só voltamos a ver o manuscrito restaurado há duas semanas”, explicitou Ana Valvez.
A investigadora elucidou que já está em curso a transcrição da obra e a sua tradução de latim para o português.
Ana Valvez prevê que a obra seja publicada numa edição crítica em latim e inglês, em três volumes, correspondendo à divisão original feita pelo padre Jesuíta.
De referir que o padre António Vieira é um nome incontornável da Literatura Portuguesa tendo sido teólogo, professor, diplomata, orador, eloquente. Nasceu em Lisboa em 1608 e morreu no Brasil em 1697 deixando para a posteridade uma obra imensa 200 sermões e 700 cartas.
Fonte: DN/Lusa – 30/05/2022