Os sonhos das crianças dão muito trabalho!...
Todas as crianças devem ter direito à infância e a uma adolescência feliz ( e a quem diga que adolescência não acaba aos 18 anos quando a Lei diz que os jovens já são maiores mas se prolonga muitos mais anos até estes conseguirem ter asas que os permita voar.).
Todas as crianças e jovens tem direito a uma educação completa, tem o direito a ter sonhos e a contarem com os adultos para os ajudarem a trilhar o caminho que realize esses sonhos, sejam eles académicos ou artísticos. Não há sonhos mais importantes que outros. Estudar, jogar à bola, cantar, dançar e até fazer teatro não são sonhos antagónicos, complementam-se. As crianças devem ser dadas as ferramentas para terem sempre caminhos alternativos. Em caso de avaria no avião deve haver sempre um paraquedas para cada criança. A escola oficial é a base fundamental para obter a tão almejada especialização, tão necessária hoje em dia.
Contudo, também é importante desenvolver o lado cultural, artístico e desportivo que existe em cada criança que até pode estar escondido só precisa ser desperto.
Nem todas as crianças se tem de realizar do mesmo modo, nem sempre o que é convencional é “a chave de ouro” para aquele “ser” ainda a dar os primeiros passos na senda da vida.
Porém, antes de surgir o enigma do futuro a criança tem o direito a brincar, a sonhar, a criar amizades e a desenvolver-se, plenamente, de acordo com a sua personalidade.
No dia 12 de Junho foi assinalada a efeméride “O dia mundial contra o trabalho infantil” que é por si a luta contra a negação dos sonhos às crianças. A infância deve ser protegida e não atirada para a exploração laboral. Todavia, não podemos ser radicais, se uma criança ao se aproximar da idade adulto quiser ganhar “uns trocos” para as suas “pequenas coisas” ou mesmo já a pensarem no seu futuro não é nenhum crime. Milhões de jovens em todo o mundo tem pequenas experiências laborais nas férias escolares e isso até se torna uma mais valia para vencer na selva do mundo do trabalho no futuro que já se avizinha.
Claro que essas pequenas experiências devem ser adequadas à idade dos jovens sem que isto lhes causa lesões físicas ou psicológicas. Havendo mútuo acordo do jovem e dos pais não parece haver nessa situação nada de censurável. E será uma espécie de treino para o futuro, evidentemente, sempre conciliado com os seus estudos.
Por outro lado, também é importante realçar que quando se trata de desenvolver uma via artística ou desportiva o trabalho árduo começa muito mais cedo. Mal aprendem a andar, a expressar-se já estão a ser treinados para o futuro. Nenhum músico, nenhum escritor, nenhum, bailarino, nenhum desportista descobre a sua vocação aos dezoito anos, quando atinge a maioridade e é adulto responsável perante a Lei. O seu “bichinho” começa a desenvolver-se muito antes.
Por isso é importante deixar que as crianças sonhem. É evidente que irão cair muitas vezes, irão ouvir muitos “Nãos” até surgir o “Sim”. Irão até desistir vezes sem conta de uma panóplia de atividades até descobrirem o seu verdadeiro caminho e isso faz parte das “dores de crescimento”.
As crianças devem ser estimuladas a vencer etapas e não a serem crianças inertes e apáticas sem reação ou por outras palavras crianças sedentárias reféns do “sofá” da sala.
Os mais pequenos de hoje em dia desenvolvem um trabalho árduo em muitas áreas de interesse sem que isso seja considerado trabalho infantil. Desde a mais tenra idade são estimuladas pelos pais ou os seus “mentores” a desenvolver atividades variadas. E dedicam horas imensuráveis na concretização desses sonhos que nem sequer são remuneradas, dedicam-se apenas pelo prazer ou pelo intuito de vir a colher o fruto do seu trabalho mais tarde.
Trabalho Infantil censurável é quando lhes roubam a infância, as proíbem de sonhar e as obrigam a executar tarefas duras e desumanas a troco de quase nada. E esse quase nada muitas vezes não é para comprar “guloseimas”, mas, para ajudar os pais porque a pobreza a isso os obriga. Esse trabalho sim deve ser combatido, no entanto, para tal é preciso que as instituições substituam as crianças no apoio familiar que é um passo em frente para acabar com a pobreza.
Ana Margarida Alves