Parece que a temática do racismo nunca sai de cena…

20-06-2023 16:44

 

Agora voltou à baila o tema  do racismo quando o cartoonista/professor  resolveu usar como alvo  o primeiro-ministro António Costa caraterizando com um nariz de porco e  com dois  lápis de grafite,  ao estilo da famosa marca  escolar alemã STAEDTLER (n.º 3), um  em cada olho.

Talvez tenha sido um pouco leviano os professores que têm que carregar o pesado fardo do bastião da Educação dos Portugueses terem indiretamente chamado suíno ao Primeiro-Ministro. Os cartoonistas são sempre um pouco exagerados e mesmo ofensivos nas suas caricaturas como se humor pudesse desculpabilizar todas as ofensas.

Por outro lado, que em termos educativos e culturais estamos cada vez mais sensíveis com as ofensas dos cartoonistas, dos escritores, jornalistas quer a nível nacional como Internacional.

Por exemplo, a nível mundial existe uma onda de querer reescrever os  livros que no passado utilizaram termos ou expressões que hoje em dia são consideradas ofensivas a nível físico ou psicológico, ou mesmo em termos étnicos  (embora essa história de reescrever o passado seja muito discutível) que talvez a classe dos professores terem recorrido a semelhante cartaz parece um exagero.

Logo os professores que são sempre tão moralistas quando se trata de discriminação e ofensas aos direitos humanos.  Tão inflexíveis contra o uso de vocábulos grosseiros com origem no calão.  Ou quando até já não é sequer permitido referir-se,  pelo menos nos meios escolares, à cor rosa clarinho como “a cor da pele”. Talvez não tenha ficado muito bem, nem que a causa maior, seja a famosa cifra númerica 6623 alusiva ao tempo de serviço que lhes foi usurpado nos tempos da troika.

Contudo, se queremos falar de verdadeiro racismo teremos que ir muito mais longe e recordar os atentados reais em Portugal contra os ciganos,  os africanos, pessoas de outras etnias ou nacionalidades.

Num zapping pela televisão não há semana que não nos deparamos com verdadeiros atentados raciais, em que aqueles que se julgam mais fortes reduzem o outro ser humano a situações indignas para  a raça humana.

Seja através ao recurso do uso de violência, seja em termos de discriminação de acesso aos bens e serviços ou termos de discriminação laboral entre outras.

Recapitulando, pela nossa televisão é tema recorrente atitudes discriminatórias contra certos grupos sociais, nomeadamente os ciganos, os africanos e brasileiros.  A comunicação social está repleta de inúmeras notícias de situações de violência e  insultos racistas…

Mais recentemente, a PSP denunciou comentários racistas sobre um anúncio de abertura de concurso para a Escola Superior de Polícia onde uma publicidade institucional  da PSP usou a imagem de um jovem africano.

Também, muita tinta se escreveu sobre o futebolista Vinicius Júnior jogador do Real Madrid que foi insultado por adeptos do Valência.

Nos últimos tempos tem sido noticiado muito ataques violentos contra cidadão brasileiros a viver em Portugal

Este género de notícias passa na televisão e as pessoas ficam incomodadas e revoltadas com essa minoria raivosa que tem comportamentos racistas e leva o todo a pagar, ou seja, o país por causa de uns quantos é considerado racista.

Porém, do ponto das pessoas se sensibilizarem com a questão até se provar se tratou de racismo ou de uma mera ofensa individual é muito discutível. No entanto, é claro como água que são quase sempre os mesmos a pagar as favas da ira (des) humana.

Segundo o Jornal  “O Observador” de 3 de Março de 2023 desde que existe uma lei (2017) que condena os atos discriminatórios no acesso aos bens e serviços registaram-se cerca de 2000 queixas e 33 condenações.

Entre 2021 e 2022 o número de queixas aumentou de 408 para 491.

As queixas registadas pela Comissão para a Igualdade e contra a discriminação racial referem-se sobretudo à nacionalidade brasileira, étnicas ou relativas a cor da pele dos queixosos.

Afinal os relatórios oficiais refletem um pouco o que nos vamos a apreendendo pelas notícias da Comunicação Social, ainda não conseguimos abolir atitudes racistas em Portugal, apesar de sermos considerados  um dos países mais tolerantes e de brandos costumes. Está difícil de eliminar de vez o mal pela raiz.

 

Ana Margarida Alves