Se todos os amantes da escrita depressa se tornassem jornalistas...
Desde que nascemos, começamos a nos comunicar com o mundo exterior. No entanto, há especialistas que dizem que quando os bebês vivem dentro da barriga das suas mães, eles comunicam com elas e também podem já ouvir os sons da música, as conversas e os pequenos ruídos em seu redor vindos do exterior.
Comunicar é assim um ato inato que começa muito cedo. No entanto, hoje em dia, as crianças são muito mais comunicativas do que no passado. Há muito mais estímulos, atualmente, do que na minha geração. Agora as crianças são mais ativas. Encontram-se rodeadas de televisões, telemóveis, “tablets” e uma infinidade de aparelhos que o ser humano está sempre a inventar.
Comunicar é quase sempre o ato de estar em conjunto. As pessoas quando falam, expressam sentimentos, pensamentos, trocam impressões sobre as notícias que nos dão conta do que está acontecer pelo mundo fora. E fazem-no sempre a pensar em alguém, para alguém e com alguém. No entanto, também não se pode desprezar os momentos de silêncio que é algo tão precioso no imenso mundo da cacofonia. Por vezes, é preciso respirar fundo e deixar fluir em silêncio o que observamos, sentimos e escutamos.
Comunicar com equilíbrio, intermediando a palavra com momentos de puro silêncio faz parte da arte de utilizar a palavra no “timming” certo sendo assim sempre uma forma preciosa de comunicação.
Os meios de comunicação apostam cada vez mais no “talk shows” onde todos tem o direito à palavra tanto especialistas, apresentadores como até o normal cidadão tem espaço para contar a sua história. Quando as pessoas partilham as suas histórias, falam umas com as outras, sentem que libertam os seus fantasmas…E sentem, por vezes, que alguém do outro lado se irá identificar com a sua história e os e os irá compreender…
Mas os “talk shows” que passam nos meios de comunicação com o evoluir dos tempos foram alterando os seus conteúdos de forma a aproximar-se mais do seu público-alvo. O “talk show” perdeu aquele tom mais sério e o tema, por vezes, pesado e difícil é apresentando num tom mais suave...Assim as conversas do quotidiano vão para a tela da televisão e para a “internet” ou “smartphone” com uma rapidez alucinante.
A comunicação atual é tão global e é feita de tantas formas diferentes que alguns especialistas mais complexos acreditam que esse tipo de comunicação não deve ser paga por acreditarem que esse tipo de comunicação é baseada em mentiras, cheia de factos imprecisos e “gossip” sem conteúdo detalhado. .. Cada vez se mais se fala nas “fake news”.
Hoje em dia, a comunicação está assim tão confusa e variada que é difícil distinguir as suas várias formas. O que é comunicar? O que é entreter ? O que é jornalismo ou arte de informar factualmente e detalhadamente tão distinta do entretenimento?
Outro problema da Comunicação Social é que está cheia de muitas pessoas criticando meio mundo e o outro, gratuitamente sem razão, inclusive os próprios colegas jornalistas/comunicadores… E ultimamente, muitas formas de comunicar apostam na perseguição e na humilhação…Parece que já não se aplica o código deontológico… (as regras da arte comunicar).
E claro num mundo em que arte da palavra é inerente a grande número de pessoas com instrução e profissões, todos querem falar e dar a sua sentença. Entrar nos meandros da Comunicação torna-se muito atrativo. Porém só um núcleo restrito de jornalistas/comunicadores selecionados é considerado bom profissional e consegue entrar nessa espécie de “elite” dos meios de comunicação. Todas as demais massas indistintas que vivem da comunicação social e estão fora das grandes cadeias de grupos de comunicação são sempre considerados “marginais”.
Porém, o preço a pagar pela pertença a grandes grupos de comunicação é a sua falta de independência, esses grupos estão sempre associados as grandes redes de poder econômico e político que os protegem e a quem tem de se submeter. A independência é assim um mito. Por outro lado, o jornalismo é um poço sem fundo para a maioria dos jovens que sonham em fazer carreira no jornalismo. Essa profissão é uma grande ilusão: de que um dia alguém anônimo imagine que poderia passar a vida escrevendo para um jornal e fazer do jornalismo o seu modo de vida. Na realidade, para grande parte dos jornalistas anónimos com formação, amantes da escrita, escrever torna-se apenas um “hobby” que invade páginas e páginas da internet com “blogs”, “sites”, “podcasts” que se vão conjugando com uma outra profissão ou formação, o seu verdadeiro “ganha-pão”.
Somos todos escritores... para ser aceite como jornalista nesse duro mundo da Comunicação Social é preciso é preciso algo mais...
Ana Margarida Alves