Silvano Santiago agraciado com o Prémio Camões 2022
“A memória domina mais a linguagem – isto é, o extravasamento dos sentimentos em palavras – do que um de nós gosta de acreditar (...). A memória é mistério e trafega pela linguagem à semelhança do barco a vela pelo mar, impulsionado pelo vento previsível e imprevisível do amanhecer.”
Silvano Santiago
O prémio Camões desta vez voou para o Brasil. Silvano Santiago é o grande vencedor de 2022. O agraciar das Letras Brasileiras com o Prémio Camões não causa admiração, porque muitos outros escritores de origem Brasileira já foram também distinguidos.
A distinção Silvano Santiago não é apenas um ar dos tempos. O premiado tem um vasto curriculum nas artes literárias desde 1955 quando publicou o seu primeiro conto nas Revista Complementos com o título “Os velhos”.
A partir desta data, o autor, nunca mais parou de publicar. A sua última obra publicada foi a Genealogia da Ferocidade (análise da obra Sertão: Veredas de Guimarães Rosa).
No entanto, podemos destacar muitos outros como “Mil Rosas Roubadas”, vencedor do Prémio Oceanos 2015; Machado, vencedor do prémio Jabuti 2017 nas categorias de romance e o Livro do Ano e quase vencedor do prémio Oceanos de 2017 e muitos outros.
Ao reler-se a sua Biografia depressa compreendemos que até à sua consagração literário trilhou um percurso árduo, de grande tenacidade intelectual. O seu curriculum tem cheiro a livros, a bibliotecas e arquivo. Foi sempre um homem que viveu no mundo académico de excelência, dedicando toda a sua vida à sapiência. Por isso, o Prémio Camões é só a consagração pelo estado português de uma longa caminhada académica e literária.
Algumas Notas Biográficas:
- Nasceu em Formiga, Minas Gerais, em 29 de Setembro de 1936. Tem atualmente 86 anos.
- Com dez anos muda-se para Belo Horizonte.
- Em 1954, principia a escrever e em 1955, ajuda a idealizar e a planificar a Revista Complemento onde publica o seu primeiro conto “Os velhos”.
- Em 1959 laureou-se em Letras neolatinas.
- A viver no Rio de Janeiro especializa-se em literatura francesa o que o levará à Universidade de Paris, Sorbonne, para realizar o seu Doutoramento onde decifra o manuscrito “Moedeiros Falsos” de André Gide.
- Candidata-se ao posto de instrutor na Universidade do Novo México, em Albuquerque entre 1962 a 1964.
- Em 1969 publica a Antologia “Brasil”, em Nova Iorque.
- Passa pelas Universidades de Rutigers, Toronto, Nova Iorque, Buffalo e Indiano
- No Brasil, foi catedrático da Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na Universidade Federal Fluminense.
- Em 1975 publica a antologia de prosa e o verso de Ariano Suassuna e a edição comentada do romance “Iracema”. No ano seguinte, participa do X Festival de Inverno de Ouro Preto
- Em 1985 publica as suas traduções para Poemas de Jacques-Prévert e dez anos depois traduz “Por que Amo”, Barthes de Allain- Grillet.
- É nomeado pelo ministro da cultura como membro da Comissão Julgadora do Prémio Literário Nacional, 1989.
- Auxilia Heloísa Buarque de Hollanda e a sua equipa a preparar o Programa Avançado da Cultura Contemporânea (PACC) em 1994.
- Em 1995, no ano seguinte, participa no II Encontro Internacional de Poetas na Universidade de Coimbra.
- Em 1996, participa em Toronto na “Conferência sobre o projeto História da Literatura Latino-Americana”.
- Em 2013 recebeu a prestigiado Prémio Machado Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto da sua obra.
- Em 2015 recebe o Prémio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa
- Em 2020 recebeu o Prémio Ezequiel Estrada conferido pela Casa das Américas
- Em 2022 recebeu o Prémio Camões
Foi também condecorado com o título de Officier dans L´ Ordre des Arts et des Lettres e Chevalier dans l´Ordre des Palmes Académiques.
Mais que apenas um escritor Silvano Santiago foi também poeta, contista e professor e sobretudo um académico de excelência.
Recordemos que o Prémio Camões de Literatura em Língua Portuguesa foi instruído por Portugal e pelo Brasil com objetivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum.”
Segundo o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília em 22 de Junho de 1988 e publicado em Novembro do mesmo ano.
O Prémio consagra anualmente, “um autor de língua portuguesa, pelo valor intrínseco da sua obra tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum.”
Consulta Bibliográfica:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Silviano_Santiago