Crónica:Terá o amor uma cor definida?
O amor é de todas as cores. Há quem busque na cor a essência do amor. Um dos sentimentos mais almejados por todo o ser humano e mais transversal porque abrange todas as esferas sociais, podendo-se manifestar de diferentes formas, mas, o sentido é mesmo. O desejo de cumplicidade, partilha de experiências e emoções. Afinal ninguém gosta de viver isolado numa ilha de silêncio e aridez.
Porém, para mim – perdoem-me a ignorância porque não sou uma “expert”, mas sim, uma generalista – o amor pode assumir todas as cores.
Por vezes, é vermelho quando se mistura com paixão e faz-nos perder o chão e incendeia-nos alma de uma forma quase transcendente.
Outras vezes, é cor-de-rosa, quando nos sentimos mais frágeis e só queremos estar abraçados ao nosso ser amado, enquanto escutamos música baixinho e nos perdemos no tempo e no espaço.
Também pode assumir a cor branca de tão puro e ingénuo que é. Parecendo ao comum dos mortais, tão inatingível muito para além do espaço terreno, como se os seres amados vivessem numa outra dimensão.
A cor do amor ainda pode ser cinzenta, quando nos sentimos deprimidos porque o telefone não tocou ou porque aquela mensagem que chega, habitualmente, todos os dias ainda não surgiu na caixa do correio (eletrónico ou tradicional). Os nossos olhos escurecem e o nosso coração fica tão cinzento como os dias de Inverno.
Ainda outras vezes, só queremos estar com o nosso “mais que tudo” junto ao mar, sentados na areia a contemplarmos o mar que tem cor indefinida - os cientistas dizem que é verde, mas, a olho nu parece-nos azul – e lá longe no horizonte num ponto distante, parece-nos que o mar e céu se fundem um no outro. Nesses dias o nosso coração assume a cor do mar e do céu. Nesse momento, sentimo-nos profundamente azuis.
Podíamos ainda falar da cor verde, violeta e muitas mais tonalidades…Porém a conclusão será a mesma. O amor mais que uma cor definida tem da cor da alma. E a alma é mundo de sentimentos que assume todas as cores.
Contudo, como em tudo na vida o mistério é essencial, nestes jogos de cores e segredos não queremos revelar a verdadeira cor do nosso coração. Sentimo-nos azuis, mas, mostramo-nos cor-de-rosa. Outras vezes sentimo-nos cor violeta e salpicamos o nosso coração de vermelho.
E assim vamos “brincariando” aos jogos da paleta de cores.
Ana Margarida Alves