Teste do desenho

10-12-2012 18:21

O Teste do Desenho e a Personalidade

 

Talvez pela riqueza de elementos que se pode extraír dos registos gráficos/visuais vários teóricos debruçam-se sobre esta problemática, de salientar, também o estudo de Dinah Martins de Sousa Campos que aprofundou a avaliação psicológica através da análise gráfica:

 

O primeiro trabalho, digno de menção sobre o desenho como fenômeno  expressivo foi realizado por  Ricci, em Bolonha, em 1887. Estudou vários estágios da evolução do desenho da figura humana realizado por crianças mas concentrou-se nos aspetos estéticos  e na evolução da cor e nas suas relações com  a arte primitiva. Sob a inspiração de Karl Lamprecht, o seminário da História Universal e da Universidade Leipzig realizou uma extensiva investigação sobre os desenhos das crianças, provindos de diferentes regiões de África, Ásia, América e, provavelmente, da Europa.

 

Entre os primeiros interessados na expressão da atividade psicológica infantil através do desenho, podem-se mencionar ainda os nomes Kerschebsteiner, grande pedagogo de Munich (1905), M Verworn de Gotinga (1906), w. Stern (1906) Nagy de Budapest (1906) e Paola Bencini de Florença  (1908). Entre outros autores.

 

O teste do desenho como instrumento de diagnóstico de personalidade.

 

O teste do desenho (p.16) como ténica projetiva, em virtude da sua economia do tempo, fácil administração e férteis resultados clínicos,tem-se tornado o mais frequentesuplemento do Rorschach e do TAT, nas clínicas psicológicas norte-americanas. F Goodenough que havia organizado uma Escola para Avaliação do Nível rental, baseada principalmente no número de detalhes do desenho de um homem percebeu também que o seu teste permitia a análise de fatores de personalidade. Identicamente, Bender verificou que certas crianças, classificadas pelos professores como portadoras de certos traços psicopatológicos apresentam também desenhos com caraterísticas não encontradas entre as demais crianças.

 

Hanvik também concluiu através de um estudo experimental que as crianças emocionalmente perturbadas não desenham a figura humana na proporção das suas aptidões inteletuais.

 

 E, assim, usando o teste Goodenough vários psicólogos clínicos e psiquiatras começaram a verificar que o desenho oferecia indicações seguras para diagnóstico e mesmo prognósticos de traços de personalidade. Tanto o Teste da Figura Humana como o teste da casa da árvore-Pessoa (House Tree Person) que organizam tenicas projetivas para o estudo da personalidade surgiram da utilização dos testes do desenho como escolas de inteligência. O teste do desenho, da figura humana Karen Machover surgiu da sua experiência com o teste de Goodnough na avaliação da inteligência infantil. Similarmente, Jonh N Buck organizou a sua tenica projetiva usando o desenho da casa- árvore-pessoa. (House Tree Person) que organizam a sua tenica projetiva usando o desenho casa-árvore- pessoa, depois das suas experiências na análise de fatores inteletuais no desenho. Desta maneira Buck e Machover, trabalhando independentemente na virginia e em Nova Iorque, respetivamente tornaram-se grandes representantes no campo das ténicas projetivas baseadas no desenho.

 

De forma resumida pode-se dizer que o campo da interpretação do desenho como ténica projetiva tem as seguintes teses fundamentais:

 

O uso dos significados de símbolos de psicanálise e do folclore derivadas do estudo clínico dos sonhos antigos, artes, mitos, fantasia e outras atividades influenciadas por determinação inconsciente.

 

Experiência clínica como os mecanismos de deslocamento e substituição como também uma extensa gama de fenómenos patológicos, especialmente os sintomas de conversão, obsessão, compulsão, fobias e estados psicóticos, em fim todos os que se tornam compreensíveis somente na estrutura conceitual do simbolismo.

 

Liberação da simbolização empregada, despertando as associações do paciente.

 

Evidência empírica que é bem ilustrada quando se faz o estudo do caso.

 

A abundância de franca simbolização inconsciente dos psicóticos

 

A correlação  entre as projeções dos desenhos feitos nos diversos fases de tratamento e o quadro clínico na época em que os desenhos foram produzidos.

 

A consistência interna entre as respostas a um teste personalidade e um teste do desenho e também a consistência entre os dados da História do caso.

 

 

 

E, mais, basicamente, a estrutura interpretativa do desenho tenico projetivo fundamenta-se em estudos experimentais. Kotkov e Goodman investigam as premissas básicas da projeção da imagem do próprio corpo no desenho de uma pessoa/feito  por mulheres obesas, com os desenhos de um grupo de controlo constituído por mulheres não obesas. Na maioria dos casos, os desenhos das mulheres obesas eram maiores do que as do grupo de controlo, constituído por mulheres não obesas.  Uma criança que desde tenra idade tenha uma perna mais curta que a outra desenhava sempre uma perna mais curta.

 

Todavia, não são só os aspetos físicos da autoimagem que são projetados mas também os psicológicos. Em um interessante estudo sobre o papel sexual e o autoconceito. Fisher e Fisher pediram  a 76 mulheres, em tratamento psiquiátrico para desenharem um a figura feminina. Aqueles que desenham pessoas com um baixo grau de feminilidade de acordo com o julgamento dos julgadores tendem a ter menos experiências heterossexuais, mais disfunção e vida sexual mais limitada. Aquelas que desenhavam figuras altamente femininas tinham levado uma vida de maior promiscuidade, porém menos satisfatória. O grupo de mulheres que produziram desenhos de feminilidade média tinham alcançado satisfação mais genuína no seu papel feminino.

 

 Assim pode-se concluir que a afirmação de que o indivíduo desenhava o que sente em vez do que somente o que vê, resume as observações dos clínicos e experimentadores mencionados. O individuo, pelo tamanho, localização, pressão do traço, conteúdo do desenho, comunica o que sente, em adição ao que vê. Seus aspetos subjetivos definem e dão cor às suas intenções objetivas.

 

 Segundo Dinah Martins a utilização do desenho como tecnica projetiva é mais vantajosa.

 

O desenho como técnica projetiva ultrapassou  a fase de se inquirir se se trata de uma boa ténica para a exploração da personalidade, achando-se, pois no estágio de se perguntar “em que áreas ou que problemas é mais vantajosa”.

 

O desenho, tenica, basicamente não verbal tem uma óbvia vantagem de ter aplicabilidade a criança mais jovens. Vários especialistas como L. Bender, Flugel Levy tem feito observações nesse sentido. Este último, empregando o desenho como um complemento  da psicanálise de crianças mostrou-se impressionado com o fato de que as crianças acham muito mais fácil expressar-se através de desenhos do que de palavras.

 

O teste projetivo é também vantajoso entre indivíduos sem escolaridade e mentalmente deficientes; os estrangeiros como também os mudos; muito tímidos e retraídos entre outros.

 

L. Bender acresce ainda à lista o caso dos clientes dos clínicos de leitura, os indivíduos com perturbação de leitura, com muita frequência mostram-se  compensatoriamente  adeptos da habilidade artística para articular os seus problemas emocionais e sociais. Os bloqueios emocionais nas áreas  verbais, frequentemente embaraçam testes Rorschach ou Tat.

 

Também quando o indivíduo  coopera conscientemente  e não oferece  resistência no nível do subconsciente, geralmente os clínicos concordam com Rorschach, comumente,oferece um quadro mais rico da personalidade, mas quando o indivíduo é evasivo, ou precavido, o desenho projetivo tem sido indiciado como instrumento indicado. O volume daquilo que Rorschach produz da personalidade do indivíduo vem por meio de uma rota relativamente indireta.

 

 Por outra lado, nos desenhos o indivíduo expressa-se de uma forma mais primitiva concreta ou  de  nível motor. Landiberg comenta que nos testes Rorschach, os índividuos parecem mais inteletualemente conscientes da sua expressão verbal, mais inteletualmente conscientes da sua expressão verbal, enquanto perdem um pouco deste controlo em sua expressão criadora e motora no desenho.

 

Segundo Dinah Martins de Sousa Campos no seu livro “O teste do desenho como instrumento diagnóstico de personalidade”, ultimamente, têm surgido interessantes observações sobre os efeitos da existência de diferenças nas profundezas da personalidade analisada por técnicas projetivas verbais ou não verbais. O emprego do desenho como ténica projetiva levou a descobrir-se  que os conflitos mais profundos, frequentemente, se refletem mais prontamente no papel.

 

Em um estudo comparativo do desenho com os resultados do Tat, Gallase e Spoerl verificaram que  a maior parte do material colhida do teste do Desenho- de-Uma pessoa era de nível inconsciente e representava as necessidades básicas quase sem alterações enquanto material  TAT era mais colorido e alterado pelos mecanismos de defesa mais comuns.

 

 Zucker nas suas pesquisas, conclui que os desenhos são os primeiros a indicar estados psicopatológicos incipientes e os últimos a perder os sinais da moléstia. Depois que o paciente se está recuperado. Os desenhos são altamente sensíveis às tendências psicopatológicas, superando as outras técnicas projetivas nesse sentido.

 

 Em uma bateria projetiva, os desenhos  desempenham uma função especial de reduzir ao mínimo a ameaça e observar a máxima o choque da  situação do teste como primeiro teste , os desenhos servem-se como um elemento de ligação para facilitar o exame clínico. A tarefa de desenhar facilita o exame clínico. A tarefa de desenhar facilita ao examinando excluir o examinador, na fase inicial, de ambientação ao novo espaço.

 

Duhsler refere que as pessoas com distúrbios emocionais podem ser levadas mais facilmente do desenho à expressão verbal. Bender também valoriza a utilidade do desenho como um meio de estabelecer rapport da situação.

 

A autora, Dinah Martins de Sousa Campos [p.29] apresenta-nos uma aplicação prática da aplicação do desenho para diagnóstico de personalidade e normas de interpretação.

 

O teste do grafismo pode ser aplicado individual ou coletivamente, isto é, em pequenos grupos. Neste último caso, face á economia de tempo, possibilita joeiragem para identificação dos casos que apresentam problemas mas não permite que se proceda às observações e anotações minuciosas sobre cada propósito como ocorre na aplicação individual.

 

Segundo John Buck pode-se obter uma bateria de testes constituída pela sequência. Desenho da casa, desenho de uma árvore e desenho de uma  pessoa. Assim obtem-se o que ele chama HTP (house, Tree; Person). Primeiro somente o lápis preto, depois cores constituído a bateria acromática e cromática do HTP.

 

Entretanto ainda de pode ampliar a bateria daquele psicólogo norte-americano, pedindo-se ao propósito mais  alguns desenhos...

  1. Desenho de uma casa
  2. Desenho de uma árvore
  3. Desenho de uma pessoa
  4. Desenho de outra pessoa do sexo oposto
  5. Desenho da família
  6. Desenho espontâneo

 

Após recolhidos os desenhos pode-se fazer um questionário esclarecedor sobre os desenhos...

Sobre o desenho de uma casa

  1. É uma casa
  2. De quem é a casa
  3. Essa casa possui escada
  4. Gostaria de morar nela? Por quê?
  5. Com quem gostaria de morar nessa casa?
  6. O que mais faz falta nessa casa?

 

Sobre o desenho de uma árvore...

  1. Que árvore é esta que você desenhou?
  2. Onde poderia estar situada? Quem  a plantou? Por quê?
  3. Esta árvore está sozinha ou no meio de outras?
  4. Será que gostaria de estar no meio de outras?
  5. Que impressão lhe causa: parece uma árvore viva ou morta? Por quê?
  6. Quanto falta para ela morrer?
  7. Comparando outra árvore com  uma pessoa, você diria que é do sexo masculino ou feminino...
  8. Que desenho lhe sugere
  9. Você gostaria de dizer mais alguma coisa a respeito dessa árvore

Sobre o desenho de uma pessoa...

  1. O que está  a fazer?
  2. A Idade?
  3. Casada?
  4. Tem filhos?
  5. Vive com?
  6. Sente-se mais ligado a...
  7. Irmãos...
  8. Tipo de trabalho?
  9. Instrução alcançada?
  10. Ambição
  11. Capacidade
  12. Forte
  13. São?
  14. Bom moço?
  15. O melhor dele é?
  16. O pior?
  17. Tipo Nervoso?
  18. O que tem no pensamento?
  19. Temores?
  20. Está triste ou alegre?
  21. O que detesta?
  22. O que mais deseja?
  23. O que é bom nele?
  24. O que é mais negativo?
  25. Sempre só ou com os outros?
  26. O que dizem dele?
  27. Olham-no ou falam dele’
  28. Acredita nas pessoas?
  29. Teme os demais?
  30. Como está com a esposa? Marido? pai?
  31. Separado?
  32. Primeira experiência sexual?
  33. Tem noiva? Espera casar?
  34. Tipo de jovem com quem sai?
  35. Teve  alguma vez relações  sexuais com a pessoa do mesmo sexo?
  36. Masturba-se?
  37. Que pensa do desenho?
  38. Gostaria de ser como ela?

 

Valorização do próprio paciente

  1. Pior parte do seu corpo...
  2. A melhor parte do seu corpo...
  3. Que tem de bom...
  4. Qual a sua parte má...

 

Desenho da Família...

  1. Quem são as pessoas que desenhou?
  2. A família está completa?
  3. Quem está faltando?
  4. Por que não está aí?
  5. Em que está pensando quando está desenhando?

 

Desenho espontâneo

  1. Que representa o seu desenho?
  2. Este foi o primeiro tema em que pensou quando desenhou? Que pensou antes de desenhar..
  3. Agora olhando para o desenho como o considera?

Questionário de associações para o desenho da pessoa, em caso do testado ser criança...

  1. De que sexo é esta pessoa
  2. Qual a idade aproximada que você lhe daria?
  3. Como se sente?
  4. Em que pensa?
  5. Quais as suas necessidades?
  6. Quais as suas qualidades?
  7. Quais os seus defeitos?
  8. Se esta pessoa fosse a personagem central de uma novela que tipo de pessoa representaria?
  9. Agora olhando para o desenho gostaria de acrescentar alguma coisa?

O paciente pode recusar-se a desenhar.

 

 Dinah Martins de Sousa Campos para além do questionário acerca do  desenho acrescenta uma interpretação personalizada mais detalhada de possíveis significações sobre a forma de desenhar no que concerne a alguns aspetos gerais do desenho, pressão no desenhar, caraterização do traço, simetria do desenho, detalhes do desenho, movimentos do desenho, tamanho da figura, uso da borracha, normas para interpretação do desenho da casa, normas de interpretação do desenho da árvore, normas para interpretação específica de cada parte da figura humana, desenho da família...

 

Salientamos algumas das suas linhas orientadoras sobre a interpretação de alguns aspetos gerais do desenho:

 

Localização do papel

No meio da página – indica pessoa ajustada. Crianças que desenham no centro da página mostram-se mais autodirigidas, autocentradas

 

Desenhos fora do centro da página – pessoas mais descontroladas e dependentes. Desenho não levado a grandes extremos da página indica grande segurança.

 

Desenhos em um dos cantos – pessoas fugindo ao meio. Pode indicar fuga ou desajuste do indivíduo ao ambiente

 

No eixo horizontal, desenho mais para a direita do centro horizontal- comportamento controlado, desejando satisfazer suas necessidades e impulsos, prefere satisfações inteletuais, do que as emocionais.

 

No eixo horizontal, mais para a esquerda do centro horizontal – comportamento impulsivo, procura satisfação imediata de suas necessidades e impulsos.

 

Lado esquerdo da página – indica inibição ou controlo inteletual, introversão

 

Lado direito – Extroversão e procura de satisfação imediata. O desenho no canto superior direito é menos grave que no canto esquerdo.

 

Na linha vertical acima do ponto média – Desajuste com possibilidade de reagir ao mesmo. Acha que está lutando muito, seu “goal” é inatingível: tende a procurar satisfação na fantasia, em vez na realidade: tende a manter alheio inacessível.

 

Abaixo do ponto médio da página – O indivíduo sente-se inseguro e inadequado, em depressão, preso à realidade e ao concreto, firme e sólido. Criança de escola primária prefere o quadrante de cima esquerdo, mas quando atinge o 8º ano escolar volta gradualmente para o centro.

 

Abaixo, mas quase no centro – desajuste, debilidade física e fuga

 

Fora da margem do papel – debilidade mental ou fraco indice de socialização

 

Figuras dependuradas nas margens do papel (como janelas dependuradas dos bordos das paredes) – refletem necessidades de suporte, medo de ação independente, falta de auto-afirmação do sujeito

 

Pressão no desenhar

Também oferece indicações sobre o nível de energia do sujeito

  1. Pouca pressão, traço leve

Baixo nível de energia, repressão  e restrições. Neuróticos, medrosos, esquizofrénicos, crónicos e catatónicos exibem pouca pressão, linhas quase esmaecidas. - Índivíduos deprimidos e com sentimentos de inadequação preferem traços muito leves, quase apagados.

  1. Muita pressão, traços fortes – sujeitos extremamente tensos

Psicopatas, casos orgânicos, epiléticos e encefalíticos empregam forte pressão. Foi encontrada variação na pressão entre os mais fléxíveis, adaptáveis em contraste com a grande uniformidade de pressão exibida pelos catatónicos e os débeis mentais.

 

Caraterização do traço

Forte – medo, insegurança, agressividade, sádica, dissimulação

Leve normal – Bom tônus, equilíbrio emocional  e mental

Apagado – Dissimulação da agressividade, medo de revelar os problemas, debilidade física, inibição, timidez discreta.

Trêmulo – Insegurança, dissimulação em que ganha tempo para procurar enfeitar os traços. Doenças cerebrais, disritmia, esgotamento nervoso.

Reto com interupções  - pessoa que contorna a situação e dissimulação do problema. Pessoa agressiva que se controla.

Interrompido, mudando de direção – dissimulação do caráter. Não aceitação do meio ambiente. Oposição

Peludo – personalidade primitiva, age mais pelo instinto do que pela razão. Quase sempre acusa uma disritmia

Ondulado - dentro do ciclotímico – disritmia, doenças cerebrais

Em negrito - entrando em conflito

Pontilhado – Dissimulação bem grande, quase em neurose

Apagado e retocado – zona de conflito. Quanto maior o reto, maior o conflito

Sombreado – pessoa sonhadora. Pode ser ainda descuidada, sádica, máscara seus conflitos, medo e insegurança. Presa à fase anal. Pouco cuidadosa com a roupa.

Passado e repassado – conflito na zona em que aparecer, boca, braço, etc.

Apagado, emendado e retocado – Zona de conflito e de dissimulação

Repetido – uso de muitos traços para o desenho. Insegurança sentimento de perda afetiva, imaturidade sexual, homossexualidade (principalmente no desnho da árvore). Agressividade, problema encontrado.

Reta quebrada – traço dentilhado. Pode aparecer nos acessórios e não na própria figura. Repressão á agressividade com tendências à introspeção.

Anguloso  -  tendência à introversão, ao isolamento. Aparecendo em figura com reforço no contorno  e negrito juntos indica rejeição à figura humana. Trata-se de conflito grave, encontrado em casos de crianças violentadas quando menores.

Simetria do desenho

Falta de simetria  - insegurança emocional

Simetria bilateral – rigidez sistema obcessivo-compulsivo de controlo emocional, e que pode ser expresso por repressão e superinteletualização. Também pode indicar depressão.

Detalhes do desenho

Detalhes inadequados – tendencia a retraimento

Falta de detalhes adequados – sentimento de vazio, energia reduzida, caraterística de indivíduos que empregam defesas pelo retraimento e, às vezes, depressão

Detalhes excessivo – compulsivo-obcessivo – Crianças neuróticas ou adultos com sentiment de que o mundo é incerto, imprevisível, ou perigoso, tendem tendem procurar defender-se contra o caos externo ou interno. Criando um mundo rigidamente organizado e altamente estruturado.

Obsessivo-compulsivos e esquizofrénicos incipientes ou orgânicos – Performances muito perfeitas, executadas com inusual cuidado e controlo indicam um eu fraco, medo de se levarem impulsos, não podendo relaxar a vigilância. Para estas pessoas as relações espontâneas com outras pessoas  e o mundo exterior representam uma ameaça.

 

Movimentos nos desenhos

Quase todos os desenhos sugerem alguma forma de tensão cinestésica, desde a rigidez até  a extrema mobilidade. O  movimento está associado à inteligência e ao tônus vital.

Movimento excessivo – indica histerismo, excitação. Também pode ser necessidade de comunicação ( se  os traços tendem a sair da margem trata-se de aspetos negativos

Movimento monótono – pode corresponder a apatia

Movimento hesitante – insegurança. Dissimulação, fracasso, controlo sobre reações.

 

Tamanho da figura

A relação entre o tamanho do desenho e o espaço disponível na folha de papel pode estabelecer um paralelo com a relação dinâmica entre o sujeito e o seu ambiente, ou seja entre o sujeito e as figuras parentais.

 O tamanho da figura contém, portanto, indicações sobre  a auto-estima, autoexpansao, ou fantasias de autossuperação (aumento da valorização própria).

O tamanho sugere a forma pela qual o sujeito está reagindo ao meio ambiente.

O desenho médio de uma figura completa é aproximadamente 7 polegadas de comprimento, ou dois terços do espaço disponível.

 

Tamanho normal – inteligência, com capacidade de abstração espacial e equilíbrio emocional

Tamanho diminuto – pode ser caso de inteligência elevada, mas com problemas emocionais. Pode indicar inibição de personalidade, desajuste ao meio, repressão à agressividade, timidez...

Tamanho Grande – Fantasia.

Tamanho exageradamente grande (atingindo quase os limites da página). Sentimento de constrição do ambiente com concominante ação supercompensatória ou fantasia. Não tem noção de tamanho.

O uso da borracha

Uso normal – autocrítica

Ausência total, quando a borracha se acha presente – falta de crítica

Uso exagerado de borracha – autocrítica já consumada e estruturada. Incerteza, indecisão e insatisfação consigo mesmo

Riscar o papel

Indica dificuldade de adaptação fraco índice de controlo.

A autora Dinah Martins de Sousa Campos, aprofunda ainda outros pormenores relacionados com o desenhos da árvore, casa e pessoa, deixando trespassar a ideia que no seu parecer o traço, a cor, o tamanho utilizados por cada pessoa transportam multissignificâncias sobre a sua personalidade e sobre o seu comportamento que se podem analisar numa tentativa de compreensão sobre a mente humana.

 

Os diversos autores referenciados nesta incursão no universo do símbolo do desenho infantil de forma diferenciada encontram nos desenhos infantis uma importante forma de expressão que deve ser explorada.

 

 Este recurso para além de ativar a motricidade, memória e concentração estabelece também uma ponte de comunicação entre o mundo infantil (este instrumento de comunicação também pode ser utilizado com adultos) e  que se consegue através de técnicas projetivas ou outras fazendo-se uma aproximação singular ao seu mundo.  Os seus primeiros desenhos são os  seus primeiros registos físicos, um papel, um lápis de cor do seu mundo interior.

 

Descobrimos as suas cores preferidas, os seus assuntos preferidos...os seus sonhos ,as suas fantasias inventadas, os seus receios, os seus sentimentos.

Ao mergulharmos nas suas histórias desenhadas e colorizadas, viajamos com eles  nos seus universos pintados em papel e lápis de cores...e sonhamos também...

               

Texto Elaborado por: Ana Margarida Alves




Bibliografia

O teste do desenho como diagnóstico da personalidade, Dinah Martins de Sousa Campos, Editora Vozes, 41 Ed.Petropolis, RJ, Vozes, 2009

Desenho Infantil, um estudo sobre os níveis do símbolo, Maria Isabel Gândara, Texto Editores

https://www.insight.pt/desenho.desenvolvimento.infantil.htm, artigo da notícias magazine n.º829, 13 de Abril de 2008

https://familia.sapo.pt/crianca/educacao/bebe_saude/991713.html